Para conhecimento.
Renato Ribeiro
Caros amigos, a condição mais grave de falta de oxigênio no mar já registrada na Costa Oeste dos Estados Unidos transformou partes do fundo do oceano ao lado do Estado do Oregon num tapete de caranguejos mortos e moluscos apodrecidos. Praticamente todos os peixes fugiram da área. Cientistas, que esperavam encontrar os primeiros sinais de recuperação após o fim do período do "zona morta", encontraram, em vez disso, sinais ainda mais intenso de falta de oxigênio no fundo do mar. Este é o episódio de "zona morta" mais grave já registrado desde que o fenômeno foi identificado pela primeira vez, em 2002. Os níveis de oxigênio dissolvidos no mar chegam perto de zero em alguns locais. "Vimos um cemitério de caranguejos e não encontramos nenhum peixe o dia todo", afirma Jane Lubchenco, professora de Biologia Marinha na Universidade Estadual do Oregon. "A carnificina é chocante e deprimente".
A zona morta do Oregon aparece quando o vento gera fortes correntes que levam água rica em nutrientes, mas pobre em oxigênio, do mar profundo para a superfície próximo a costa, um processo chamado de ressurgência. Os nutrientes estimulam o crescimento de plâncton, o qual, eventualmente, morre e desce para o fundo do oceano. Bactérias consomem o plâncton, usando o oxigênio. Alertas sobre essas zonas mortas foram dados pela primeira vez no Oregon, em meados de 2002. Onde estudos mostram peixes e invertebrados mortos cobrindo a superfície do mar. A culpa é atribuída a hipoxia, que é a falta de oxigênio que pode decorrer da decomposição de matéria orgânica em áreas onde águas profundas sobem para a superfície.
As zonas mortas também estão ligadas as mudanças climáticas; E com isso aumentando o surgimento de paisagens submarinas estéreis em água costeiras. A expansão das “zonas mortas” não representa um problema apenas para a biodiversidade, mas também ameaça a pesca comercial de muitos países. Essas áreas não são novas; elas se formam sazonalmente em ecossistemas economicamente vitais do mundo todo, incluindo o golfo do México e Chesapeake. Que entram no Golfo do México pelos rios Mississipi e Atchafalaya, abastecidos por massas de água vindas de todo o país. Esses poluentes contêm fósforo e nitrogênio, excelentes alimentos para as algas. Quando chega a primavera e a neve derrete, os níveis mais altos de água trazem mais nutrientes para as algas, que também florescem em água morna. A zona morta chega ao pico em torno do início de agosto e depois recua durante o outono, quando os níveis de nitrogênio na água diminuem.
O escoamento de resíduos agrícolas (fertilizantes) e esgoto são responsáveis por muitas dessas zonas; o uso cada vez maior de fertilizantes nitrogenados vem dobrando o número de bolsões sem vida. Década após década, desde os anos 60. Nada menos de 405 zonas mortas se espalham pelo litoral de todo o globo.
O mapa ao lado, apresenta concentrações de fito plâncton, as florações de algas que contribuem para as zonas mortas, nas águas da Costa do Golfo.
A zona morta de 2007 é uma das maiores desde que as medições começaram, em 1985. Ela foi mapeada em torno de 20.461 km² - maior do que vários estados dos EUA [Fonte: CNN (em inglês)]. A zona morta de 2006 tinha 17.254 km² [Fonte: BBC (em inglês)], ao passo que a de 2002, a maior registrada até agora, media 22.002 km² [Fonte: Reuters (em inglês)].
Em 2007, o nível de nutrientes que aumenta o aparecimento de algas e entra no Golfo do México apresentou um aumento de 300% em relação aos níveis de meio século atrás, quando as zonas mortas eram ocorrências raras [Fonte: BBC (em inglês)]. Um cientista da Universidade Estadual de Louisiana atribuiu a mudança ao aumento do cultivo intensivo, que geralmente utiliza vários fertilizantes ricos em nitrogênio, aliado aos efeitos do clima [Fonte: BBC (em inglês)].
A Administração Nacional dos Oceanos e da Atmosfera dos EUA (NOAA), que monitora a zona morta, diz que a área oferece perigo para a indústria pesqueira, que fatura US$ 2,8 bilhões por ano e opera nas costas do Texas e da Louisiana [Fonte: NOAA (em inglês)]. Milhares de quilos de camarões-rosa são capturados todos os anos nessas águas, mas durante a última década os pescadores relataram uma diminuição na captura desses camarões. Eles podem estar morrendo ou simplesmente nadando para outras águas em que possam respirar.
A zona morta do Golfo do México não é a única área hipóxica do mundo. Durante anos, o lago Erie apresentou uma zona morta recorrente, que acreditava-se ser resultado da mistura de contaminação por fósforo, espécies invasivas de mariscos e clima quente. Um relatório das Nações Unidas, em 2003, afirmou que o número de zonas mortas sazonais ao redor do mundo dobrou de dez em dez anos desde a década de 1960 [Fonte: BBC (em inglês)]. Um relatório da NOAA cita os níveis baixos de oxigênio como um grande problema em canais rasos e em áreas costeiras ao redor do mundo.Existem outros problemas para as comunidades pesqueiras também. As florações de algas nocivas (FANs), como a maré vermelha e as algas douradas, produzem toxinas quando se decompõem, matando a vida marinha e fazendo que as criaturas se tornem venenosas (em inglês) para os humanos. As FANs, contudo, não devem ser confundidas com as florações de algas descritas acima. Embora a poluição humana contribua com a zona morta do Golfo do México e com outras áreas hipóxicas, os cientistas ainda têm de estabelecer uma ligação entre a poluição e as FANs, que ocorrem naturalmente.
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